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quarta-feira, 7 de maio de 2014
Quase autobiografia
PROPOSTA: Elabore
um texto (quase) autobiográfico com base
no seguinte roteiro:
1º parágrafo: Escreva sobre as circunstâncias
do seu nascimento. Onde? Quando? Por que escolheram o teu nome? Etc..
2º parágrafo: Faça um breve histórico da sua
vida incluindo: estrutura da família (Quem faz parte dela?) lugares onde morou,
colégio onde estudou e, etc.
3º parágrafo: Descreva um acontecimento
marcante e o modo com que isso interferiu na sua vida.
4º parágrafo: Escreva sobre você e as coisas
que gosta de fazer. Como gasta (investe) o seu tempo?
5º parágrafo: Escreva sobre os planos que
você tem para o futuro.
Sugestões de leitura:
...das saudades que não tenho
Nasci com 57 anos. Meu pai me legou
seus 34, vividos com duvidosos amores, desejos escondidos. Minha mãe me
destinou seus 23, marcados com traições e perdas. Assim, somados, o que herdei
foi a capacidade de associar amor ao sofrimento...
Morava numa cidade pequena do
interior de Minas, enfeitada de rezas, procissões, novenas e pecados. Cidade
com sabor de laranja-serra-d’água, onde minha solidão já pressentida era tomada
pelo vigário, professora, padrinho, beata, como exemplo de perfeição.
(...) Meu pai não passeou comigo
montado em seus ombros, nem minha mãe cantou cantigas de ninar para me trazer o
sono. Mesmo nascendo com 57 anos estava aos 60 obrigado ainda a ser criança. E
ser menino era honrar pai com seus amores ocultos. Gostar da mãe e seus
suspiros de desventuras.
(...) Tive uma educação primorosa.
Minha primeira cartilha foi o olhar do meu pai, que me autorizava a comer ou
não mais um doce nas festas de aniversário. Comer com a boca fechada, é claro,
para ficar mais bonito e meu pai receber elogios pelo filho contido que ele
tinha. E cada dia eu era visto como a mais exemplar das crianças, naquela
cidade onde a liberdade nunca tinha aberto as asas sobre nós.
Mas a originalidade de minha mãe
ninguém poderá desconhecer. Ela era capaz de dizer coisas que nenhuma mãe do
mundo dizia, como por exemplo: – Você, quando crescer vai ter um filho igual a
você. Deus há de me atender, para você passar pelo que eu estou passando. – Mãe
é uma só. (...)
(Bartolomeu Campos Queiroz, em
Abramovich, Fanny (org.) – “O mito da infância feliz”. Summus, São Paulo,
1983).
Aí eu peguei e nasci!
Sou filho de árabe com loira e deu macaco na cabeça. E
eu não tenho 56 anos. Eu tenho 18 anos. Com 38 de experiência. E eu era um
menino asmático que ficava lendo Proust e ouvindo programa de terror no rádio.
Em 69 entrei pra Faculdade de Direito do Largo de São
Francisco. Mas eu matava aula com o namorado da Wanderléa pra ir assistir o
programa de rádio do Erasmo Carlos. E aí eu desisti. Senhor Juiz, Pare Agora!
E aí eu fui pra swinging London, usava calça boca de
sino, cabelo comprido e assisti ao show dos Rolling Stones no Hyde Park. E
fazia alguns bicos pra BBC.
Voltei. Auge do tropicalismo. Frequentava as Dunas da
Gal em Ipanema. Passei dois anos batendo palma pro pôr-do-sol e assistindo o
show da Gal toda noite. E depois diz que hippie não faz nada! (...)
(José Simão - humorista da Rádio Band News FM)
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